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O Curso

Alfabetização Midiática

O termo ‘fake news’ diz mais sobre a era midiática na qual nos encontramos, do que da prática de disseminação de desinformação.

FORMULÁRIO

RESULTADOS

GLOSSÁRIO

‘Bot’ (nas mídias sociais) – “é um agente que se comunica de maneira mais ou menos autônoma nas mídias sociais, geralmente com a tarefa de influenciar o curso da discussão e / ou as opiniões de seus leitores. Está relacionado aos chatbots, mas geralmente utiliza apenas interações simples ou nenhuma reatividade.” (Wikipedia)

Dogma – “um princípio ou conjunto de princípios estabelecidos por uma autoridade como uma incontroversa verdade”. (Idiomas de Oxford)

‘Fake News’ – “é uma forma de notícia que consiste em desinformação deliberada ou trotes espalhados através da mídia tradicional ou da mídia social online.” (Wikipedia)

Mídia – “os principais meios de comunicação de massa (transmissão, publicação e Internet) considerados coletivamente.” (Idiomas de Oxford)

Mídias sociais – “sites e aplicativos que permitem aos usuários criar e compartilhar conteúdo ou participar de redes sociais.” (Idiomas de Oxford)

Público-alvo (na mídia) – “Um público-alvo da mídia pode ser tão pequeno quanto uma pessoa lendo uma revista ou tão grande quanto bilhões de pessoas em todo o mundo assistindo a eventos, como o 11 de setembro, acontecerem ao vivo na televisão. O público-alvo tem um relacionamento complexo com os produtos que consomem.” (Ministério da Educação da Nova Zelândia)

Sensacionalismo – “(especialmente no jornalismo) o uso de histórias ou linguagem emocionantes ou chocantes à custa da precisão, a fim de provocar interesse ou excitação do público.” (Idiomas de Oxford)

A VERDADE

O conceito de verdade parte da nossa subjetividade; são conceitos que dependem da perspectiva de cada um. Portanto, toda a mídia produzida por alguém é um resultado da subjetividade desta pessoa. É preciso estar em contato com sua própria subjetividade, para poder discernir a veracidade da produção midiática de outros.

¨¨¨Mais importante do que achar as respostas, é fazer as perguntas.¨¨¨

Tudo bem se você não achar as respostas para todas as perguntas. O importante é procurar saber, porque às vezes, não achar a resposta é uma informação valiosa. Será que a plataforma está sendo tão transparente quanto poderia?

¨¨¨Mentiroso ou Enganoso?¨¨¨

Uma mentira é quando, por exemplo, um autor inventa informação. Um autor pode ser enganoso sem inventar coisa alguma. Basta selecionar informações verdadeiras, fora de contexto, e usar ferramentas sensacionalistas para provocar uma certa emoção na audiência.

Geralmente, cursos de alfabetização midiática focam em como identificar linguagem jornalistica objetiva e neutra, porém, isso não existe.

Nem sempre é fácil discernir ferramentas sensacionalistas e enganosas de métodos eficazes de atingir uma audiência através da mídia. As ferramentas mais identificáveis, mesmo que subjetivas, são:

– Música dramática.

– Imagens e palavras chocantes.

– Pontos de exclamação.

– Títulos que causam medo, e passam pouca informação.

– Textos que falam diretamente com você.

O foco em uma diretriz ou lista de verificação sobre como identificar fake news pode nos tornar ainda mais vulneráveis ​​a elas. Porque a diretriz logo se torna uma ferramenta eficaz para divulgá-las. Por exemplo, se eu falar: “confie apenas em jornais que não usam pontos de exclamação nos títulos”, essa diretriz pode ser usada por qualquer plataforma para ganhar sua confiança.

Uma ferramenta muito mais forte do que decorar características identificáveis ​​de fake news é ter um senso claro de seus próprios valores e objetivos políticos.

‘Fake News’, ‘bots’ e pessoas interessadas em usar essas ferramentas para manipular uma audiência, focam em pessoas ‘influenciáveis’. Isso não necessariamente significa pessoas que estão em cima do muro, as dogmáticas são ainda mais influenciáveis, porque suas referências de verdade estão fora delas. É por isso que a busca por sua própria verdade é fundamental para tornar as fake news ineficazes, o que é a maneira mais eficaz de combatê-las.

O pensamento, a fala, e a ação devem ser unidos, assim como suas ideias, o que você compartilha com os outros e como você vive sua vida. Este é um exercício de equilíbrio – estar aberto a aprender coisas novas, sem perder de vista sua própria verdade e experiências de vida.

A AUDIÊNCIA

Quando produzimos mídia, pensamos em um público alvo para que ela seja eficaz na entrega da mensagem. Um jornal, por exemplo, tem uma audiência, e os valores de cada existem em simbiose. O processo de alfabetização midiática envolve a análise dos valores das instituições e/ou pessoas que produzem mídia, a partir do reconhecimento de nossos próprios valores como audiência.

Muitas pessoas que produzem mídia na ‘internet’ não são honestas, ou transparentes sobre seus valores e intensões. Existem táticas midiáticas que visam manipular uma audiência específica, que usam ferramentas que provocam emoções direcionadas. A Arte tem o intuito de provocar emoções; a escrita acadêmica tem o intuito de ser validada. Estas são ferramentas que podem ser usadas de forma sutil, exagerada, eficaz, manipuladora, mentirosa, enganosa, etc. A nossa análise de como essas ferramentas são usadas depende do nosso entendimento de como nós mesmos as usamos, e por quê.

¨¨¨O que constitui um conteúdo acessível para o público geral?¨¨¨

Para um conteúdo ser acessível, ele precisa poder atingir a audiência que se propõe a atingir. Por exemplo, para um vídeo poder atingir uma audiência do Instagram, ele precisa durar no máximo um minuto, porque esta é a limitação da plataforma que essa audiência visita.

¨¨¨Como identificar se um texto se propõe a atingir uma audiência leiga, e não só a especializada?¨¨¨

Uma pessoa que não é e não tem interesse em se especializar em uma certa área de estudo passará menos tempo lendo sobre o assunto. Portanto, textos acessíveis para essa audiência devem ser curtos. Textos curtos ‘online’ não precisam de resumo, sumário, seções numeradas, etc.

Nem sempre um texto longo é inacessível. Outra forma de identificar o nível de acessibilidade é reconhecer excesso de citações/referências, geralmente redirecionando o leitor a outros textos ainda mais longos e acadêmicos. Requisitos acadêmicos refletem a audiência que a autoria se propôs a atingir.

Siglas e termos específicos têm a mesma função. Para atingir uma audiência leiga, é preciso definir termos e descrever siglas que geralmente não estão presentes no vocabulário de pessoas fora da academia. (Detran, por exemplo, não é uma sigla que precisa ser descrita, mas IEA sim.)

A HISTÓRIA

Desde a invenção da prensa móvel Alemã no século XV, que gerou o método de disseminação de mídia replicável em grande escala e revolucionou o consumo de informação, há notícias falsas. Era muito comum que essas notícias falsas fossem direcionadas contra um contingente minoritário ou marginalizado pela hegemonia ocidental, como judeus, indígenas, negros e negras. Às vezes inventavam atrocidades cometidas por membros ‘indesejáveis’ da sociedade. Outras vezes escondiam e questionavam atrocidades cometidas por membros ‘desejáveis.’ Em outras palavras, uma mídia enganosa é uma que não só mente, mas também omite.

Por causa da presença contínua de falsidade na mídia nos últimos cinco séculos, muitos jornalistas gostam de falar que ‘fake news’ não é novidade — mas é. O termo ‘fake news’ diz mais sobre a era midiática na qual nos encontramos, do que da prática de disseminação de desinformação. Informações falsas sempre circularam pela mídia, mas hoje circulam de uma maneira particular, com o uso de novas ferramentas tecnológicas, como impulsionamentos em mídias sociais e bots.

Na primeira metade do século XX, o primeiro ‘barão da mídia’ brasileiro, Assis Chateaubriand, ameaçava destruir a reputação de pessoas e empresas com notícias falsas em troca de dinheiro (chantagem, basicamente). Hoje, os avanços tecnológicos mudaram significativamente o formato em que essas notícias falsas são disseminadas, e por quem. What’sApp, Facebook, Twitter são formatos sem precedentes de divulgação de mídia. A maioria das pessoas pode produzir conteúdo de mídia, e a maioria das pessoas que pode, faz isso constantemente.

Quando vemos notícias em uma dessas plataformas, também vemos quem e quantas pessoas reagiram a elas, o que influencia não apenas o que sentimos sobre as notícias, mas também sobre os outros que as consomem – tudo instantaneamente. Podemos acreditar ou parar de acreditar, dependendo de quem ou quantos ‘compartilharam’, ou ‘curtiram’. Quando falamos de ‘quem’, basta que uma pessoa famosa ou com credibilidade acredite e ‘compartilhe’ para que “um rebanho desorientado” (Chomsky em seu livro “Midia: Propaganda Política E Manipulação”) siga. É aqui que entram os ‘influenciadores.’ Quando falamos de ‘quantos’, um número alto de compartilhamentos ajuda a publicação a alcançar um público mais amplo, parecendo relevante para os algoritmos de mídia social e para as pessoas que a veem. É aí que os bots são usados.

Aqui está um exemplo de notícia mentirosa, sensacionalista e oportunista das últimas 2 décadas. Aqui (Abcnews.com.co) está um exemplo de ‘fake news.’

Uma vem de uma plataforma que ainda existe e mentiu.

A outra (Abcnews.com.co) nem existe como plataforma, finge ser uma coisa que não é. Nunca acharíamos este link por conta própria, ele é criado para ser realista no Facebook.

Sites de ‘fake news’ tem o intuito específico de comprar impulsionamentos em mídias sociais.

[Note que não usei hyperlink para a ‘fake news’, porque não quero minha menção como ‘backlink‘ ou como influência no PageRank.]